sábado, 24 de janeiro de 2009

Bombeiro, astronauta, professor, médico, bailarina...


"A criança que você foi, vê seus sonhos realizados, no adulto que você é?". Fiz essa pergunta em uma comunidade virtual, há alguns meses, e me surpreendi com as respostas. Mesmo algumas pessoas que costumavam responder de forma evasiva e simplista, dissertaram sobre seus sonhos de infância, e sobre sua realidade, de "gente grande".

Falaram, principalmente, sobre a escolha profissional : ter feito a faculdade que os pais queriam que fizesse, estar em uma profissão que não as realiza, e não ter dado vasão ao seu lado, digamos, artístico, foram os ítens que mais se repetiram, dentre as queixas. Mas também falaram em outros sonhos, como casar-se, morar no exterior, ser um "cidadão do mundo".

Lamentos como : "Eu queria ter sido pai/mãe, mas dei mais importância aos estudos e ao trabalho", dividiram espaço, com outros, do tipo : "Engravidei muito cedo, não pude continuar na faculdade, gostaria de ter me formado."

Eu percebi, ao ler tudo isso, que os sonhos que a gente não realiza, passam, de alguma forma, a fazer parte das nossas lembranças de infância, ainda que tenham sido vontades acalantadas na juventude, ou mesmo já na idade adulta. Acho que as coisas que não se faz, vão encontrando espaço nas nossas memórias de criança, talvez porque esse saudosismo, que a gente associa à infância, seja menos pesado, mais fácil de carregar, e até um pouco doce.

Penso que, também, é uma maneira menos cruel, de lembrar do que poderia ter sido, e não foi, quando ficarmos velhos. Mais fácil do que pensar que a vida foi marcada por frustrações constantes, parece ser reportar-se a uma única fase da vida, que, por ser cheia de magia, encanto e inocência, compreende melhor, nossas fraquezas, medos e inseguranças. A junção dos opostos, traz o equilíbrio.

Não sei como será o futuro, mas, por hora, não tenho sonhos frustrados, de menina, para contar. Talvez porque eu saiba provar um pouquinho de cada coisa que sinta vontade, ou talvez porque eu tenha sorte, ou, ainda, talvez, porque eu não tenha sonhado tanto assim...não sei.

Bailarina eu nunca quis ser : coques muito bem arrumados, postura impecável, expressão facial, quase sempre, de "nada"...não, obrigada! Queria mesmo era ser Fada...ah, isso eu queria : correr pela floresta, com os cabelos soltos (muito melhor do que usar gel), poder sentar no chão, nadar no rio, subir em árvore, voar...e mostrar sempre, o que eu sentia, pelos gestos, pelo comportamento, pelas palavras, com naturalidade.

Dessas coisas que citei, só o "voar", fiquei me devendo. De forma literal, é claro, porque descobri, e ainda descubro, algumas boas alternativas.




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